quarta-feira, 16 de setembro de 2009

A EXPRESSÃO GREGA TO ONTA QUER DIZER: AS COISAS EXISTENTES, OS ENTES OS SERES. gleise costa


A EXPRESSÃO GREGA TO ONTA QUER DIZER: AS COISAS EXISTENTES, OS ENTES OS SERES.


Gleise Costa

A expressão grega To onta quer dizer: as coisas existentes, os entes os seres. No singular se diz To on, - O ser

I - A expressão grega To onta quer dizer: as coisas existentes, os entes os seres.No singular se diz To on, -O ser

“Não podemos banhar-nos duas vezes no
mesmo rio porque as águas nunca são as
mesmas e nós nunca somos os mesmos.”
Heráclito de Éfeso.

Há uma grande preocupação por parte de pais, educadores, e a sociedade em geral com o conhecimento.Há uma busca por melhores escolas, linhas e abordagens, emprego de tecnologias, sofisticação dos meios, altos investimentos, capacitação de pessoal e tudo o mais que se impor para “conhecer”.
A busca pelo conhecimento não é algo que possa ser atribuída à sociedade tecnológica. Praticamente todo os povos ao longo da história procuraram desenvolver formas diversas de conhecimento, que em via de regra derivam-se das necessidades mediatas do homem, de sobrevivência e ou poder.
Há algum tempo atrás, compartilhei experiências com um grupo de aprendentes em que um deles repetia um tipo de jargão, que se originou da fusão do conhecimento formal e de seu conhecimento da realidade:
-“saber é poder! e eu só sei que não posso.”
O que a principio pode parecer ingênuo e engraçado reflete o que o senso comum tende encontrar através de justificativas e valores do censo comum
Configurados em suas crenças e observações, e o que exprimem de forma simples resume o “conhecimento” empírico de um dado grupo social histórico e politicamente arraigados.
Mas a sensibilidade aflora o saber incipiente, mesmo que não se consiga sistematizar de forma elaborada o que se intui.
E nutre-se de verdades históricas de uma sociedade de classes onde ter e ser confundem-se.
Para Sócrates podemos conhecer a verdade, mais primeiro devemos afastar as ilusões dos sentidos e as ilusões das palavras ou das opiniões e alcançar a verdade apenas pelo pensamento.Portanto Conhecer é passar da aparência à essência, da opinião ao conceito do ponto de vista individual à idéia universal.[3]
Como “ter” conhecimento? Como tornar-se um “ser” em meio a tantas imposições do “ter”? através do saber? como fugir do mundo das ilusões na busca do conhecimento?
O ser pode obter conhecimento através dos meios de comunicação dos mais elementares aos mais sofisticados.Pode obter conhecimento através do diálogo com o outro, pela reflexão crítica, pela observação e sistematização de seu mundo mediato, poderíamos listar inúmeras etapas.Mas que na realidade apresentam a dualidade da informação –conhecimento.
Para “Platão” há quatro formas de conhecimento que são hierarquizados em graus: a crença, a opinião, o raciocínio e a intuição intelectual “[4].
Nós vivemos em uma sociedade tecnológica onde há acessos diversos e diversos níveis de acesso ao conhecimento.Para o ser tornar-se detentor de conhecimento são necessários vários níveis de leitura dos dados.A informação pode chegar ao ser em vários estágios de “conhecimentos”. E caberá ao ser não “absolutizar”, mais sim fragmentar o todo absoluto em partes analisáveis.
Há vários níveis de leituras: a leitura da imagem, leitura da realidade a leitura da subjetividade dentre outras, mais todas as formas de leitura subtende-se a compreensão, e a apropriação por parte do ser sobre o objeto enfocado.Só através de um exercício de apropriação de realidade, de reflexão conjuntural e que o ser apropria-se do objeto conhecendo-o.
A família é o primeiro grupo social a influenciar o ser nos desvendamentos das verdades, ou da leitura de muno que esse ser faz. Mas a sociedade é mutante e as atribuições de papéis por parte de seus membros vêem sendo gradativamente substituídos e alguns até mesmos instintos.
Neste paradigma revemos o papel da escola. Não como instituição formadora e firmadora de conceitos mais como agente de transformação do novo ser que se forja.
Na escola se dá, o letramento possibilitando a leitura da palavra escrita, a leitura do mundo em vários níveis.Mas se não houver por parte da escola como instituição o objetivo precípuo de transformação desta sociedade, tornar-se-á uma repetidora, uma moduladora de seres.
A escola é muito criticada mais é o principal meio das classes desprovidas de meios de ascensão social e capacitação para sua inserção num mercado de trabalho cada vez mais seletivo, excludente.
Cabe a escola instrumentalizar o ser como agente social. Gerando transformação na sua abordagem das verdades cotidianas.O letramento é apenas uma etapa neste processo, após o ser conquistar a leitura da palavra é fundamental que conquiste outras etapas de leitura de realidade! .
Os resultados do PISA2000, demonstra claramente que a leitura da palavra ainda não foi conquistada por boa parcela da população e aos que a conquistaram, estão em bases elementares da leitura funcional.A leitura como forma de libertação pessoal de descoisificação do ser.
Há “uma escala de” recuperação de informação “traduz a capacidade dos estudantes de localizar informações em um texto. Uma escala de” interpretação de texto “traduz a capacidade de construir significados e fazer inferências a partir de informações escritas”.
Uma escala de “Reflexão e avaliação” traduz a capacidade dos estudantes de relacionados textos com seus conhecimentos, idéias e experiências. Além disso, uma escola combinada de letramento em leitura resume os resultados dessas três escalas.”[2]
Cabe a escola possibilitar vários instrumentos de leitura. Ler é uma necessidade política de transformação social. “A leitura e o envolvimento com leitura são fatores decisivos na manutenção e futuro desenvolvimento de habilidades”.[1]
Para o ser conscientizar-se, valorizar-se e perceber-se como essencial para as conquistas e processos transformadores da sociedade. Descobri-se como essência da sociedade.
Lênin dizia que a verdade absoluta é a soma das verdades relativas, da mesma forma que um país é composto de indivíduos, das partes para o todo não se pode transformar um país sem transforma o homem. É hora da valoração do se

II-Textoteca
“Se os olhos não fossem solares”
jamais o sol nós veríamos; se em nós
não estivesse a própria força
divina, como o divino sentiríamos. ”
GOETHE

Ler é um exercício, e por tanto são necessárias etapas de adaptação, graus de aprofundamento e análise.Para Sócrates ”o raciocínio treina e exercita nosso pensamento para uma purificação intelectual”.[1].
É necessário quebrar os bloqueios, as barreiras que obliteram as possibilidades de contatos contínuos e eficientes com os textos escritos.A princípio, podemos enumerar as dificuldades de acesso ou mesmo ausência de textos nas residências e no dia-a dia de boa parcela da população, o bloqueio de alguns em iniciar a leitura pelo simples desconhecimento do significado de muitas palavras.
A questão motivacional, para que ler? se tudo [ou quase tudo ] será apresentado no rádio sem esforço, é só usufruir ou na tv com imagens coloridas, e sons, que mexe com a emoção e a percepção.Para quem não tem o habito de ler as “entrelinhas” de imagens e sons como exigir a compreensão e percepção crítica do texto escrito.
O texto deve ser adequado ao nível do leitor, e por tanto o educador deverá fazer uma adequação do texto ao grupo de leitores.Os principiantes no processo de leitura precisam avaliar algumas etapas para iniciar a aproximação do leitor e do texto escrito.
Para iniciar o ambiente é fundamental, luminosidade, climatização, acústica, etc. Mas não podemos esquecer das questões orgânicas que também afastam o leitor do texto, -se não tenho uma boa visão este será mais um obstáculo para rejeitar o texto escrito.
A adequação aos interesses pessoais com o texto escrito, e a gradação do vocabulário, não podemos também esquecer de instrumentalizar o leitor com coisas simples como a busca alfabética das palavras no dicionário, funções dos sinas de pontuação, distinção entre ficção realidade E quebrar paradigmas com naturalidade refletindo criticamente sobre os apelidos depreciativos [por mais arraigados no meio que estejam ].
Se, tenho que recorrer ao pai dos burros -burro eu sou! E ninguém quer esse título pra si, por tanto não consultar o dicionário cria a imagem [errônea] de que domino completamente os termos do texto.
E quando na realidade não domino, não conseguirei fazer uma leitura do texto em todos os âmbitos, criando uma certa rigidez e distanciamento de determinados textos e contextos.
A desmistificação do uso do dicionário é uma etapa fundamental neste processo.Outra etapa realmente significativa na primeira fase é a escolhas de textos do cotidiano, revistas, jornais, receitas, poemas, bulas, propagandas, etc para permear no grupo a noção de funcionalidade do texto.
Antes de iniciar o grupo na leitura do texto escrito, exercite a leitura de imagem, do comentário individualizado ao debate coletivo, propiciar imagens que possam gerar várias interpretações e gerar no grupo um ambiente propicio a cada um ter o espaço e o respeito do grupo em suas posições, e em expor suas idéias e mudá-las se assim achar adequado, sem pressão, não de forma mecânica, mas um ambiente livre, de respeito, de cumplicidade entre todos.
Com as etapas elementares concluídas e com o grupo bem entrosados daremos início a etapas mais profundas, “o mergulho no texto”, compreender a função deste texto e seu contexto histórico, os interesses envolvidos e a linguagem envolvida, propiciar reflexões como a quem realmente interessa todo um vocabulário técnico nas embalagens de alimentos, o que precisam camuflar com termos de difícil compressão?
Quem lucra e quem perde, quando não há compreensão do que lemos? qual a função de um texto publicitário, quanto há de verdade em um texto?qual idéia esse texto quer vender? Quando eu não reflito criticamente o que realmente eu leio? Para tal não é necessário pudor em utilizar-se de diversas outras mídias [tv, músicas, programas de rádio, jornais, panfletos, revistas, internet, etc].
Com esta fase bem desenvolvida agora já é hora de inserir textos mais complexos, podendo utilizar crônicas como pontes para texto mais elaborados lembrando de vez em quando apresentar textos extensos mais simples para também quebrar os bloqueios com relação à extensão, a forma, etc.
Ao longo de minha jornada desenvolvi a textoteca.
A Textoteca são textos numerados, catalogados por temas, onde poderemos encontrar textos que se cruzam e com gradação de dificuldades, o aluno poderá fazer desde a leitura inicial ao aprofundamento do tema, e a reescritura do tema para socialização com o grupo.
Todo o material encontra-se em pastas, com índices dos temas e subtemas e com notas para concatenamento de assuntos.

1º Momento
• Apresentação da textoteca ao grupo explicando seu posicionamento na aula se será utilizada como introdutória de um tema, ou de fechamento de tema de aula e quais os objetivos desse trabalho, o que a professora[o] espera encontrar junto com o grupo ao final da atividade.
• Determinar tempo com o grupo para utilização do material e coleta de resultados, estabelecendo sub datas de avaliação e controle do andamento.
• Coletar com o grupo suas opiniões com o início destas atividades e suas expectativas [guardar em portifólio para o fechamento da atividade ser confrontada as impressões iniciais e as conclusões das experiências ao término do trabalho.
• Deixar clara que o objetivo final não é a atribuição de nota, rótulos, conceitos ou qualquer tipo de premiação, ou suborno para ingresso no processo, mais sim um compromisso o grupo de crescimento pessoal e aproveitar par estabelecer a carta de intenções junto ao grupo
• A carta de intenções deverá ser redigida pelo grupo através e comissões com todas as regras claramente estabelecidas ações para controle de dispersão e o papel de cada um na atividade [todos devem assinar a carta de intenções, e o educador quando achar conveniente relembrar as regras e o compromisso acordada pelo grupo]
Por exemplo: Pasta nº 01:
1. Tema Gerador - Segunda Guerra Mundial – por cores pela gradação de níveis.
2. Subtemas- SB-1= Causas do conflito
SB-2 =O Brasil na II guerra
3. Temas para aprofundamento-
T.A-1-Olga Benário
T.A-2-Os Judeus

• Contendo textos simples a mais elaborados graduados com cores.

Textos com etiqueta verde são texto de fácil compreensão, laranja textos mais complexos e textos azuis textos que necessitam um pouco mais de reflexão e ou aprofundamento vocabular.
• Com subitens correlatos, etc.
• Temas ponte que são sugeridos no rodapé do texto escolhido com temas para aprofundamento como, violência, tortura, estigma etc.
• Todos os alunos devem ter um roteiro básico com o número do texto, título, obra, fonte sua apreciação, e reescritura do texto [quando solicitado ou se o aluno desejar ] para controle de quais e quantos textos já foram lidos.
• Criar momentos de expressão oral, artística [plástica]
• Vídeos criados sobre os temas como matérias de um tele jornal sobre o tema central para aprimoramento a expressão oral.[ou debates, mesas redondas, paródias etc]
• Estimular círculos de leitura, como por exemplo, texto para teatro.
• Visitas a bibliotecas para confrontar obras raras, textos antigos, capas de escritores brasileiros publicados em outras línguas.
• Visita a livrarias, editoras, sebos etc.
• Sugestões, e seções de filmes sobre o tema gerador.
• Pesquisa de bibliografia sobre o tema gerador.
• Oportunizar a transdisciplinalidade com o trabalho em ciências sociais, o leque torna-se bem amplo para disciplinas como: filosofia, sociologia, história, geografia, português, o que não impede, mas na realidade desafia-nos a integrar com disciplina! s como física, matemática, química etc.

2º Momento
• Ampliação de acervo da textoteca.
• Pesquisa de bibliografia sobre o tema gerador.
• Avaliar com o grupo suas produções, ou mesmo reescritura, elegendo alguns texto para fazer parte da textoteca
• Definição da ampliação do acervo da textoteca quais os novos textos a ser inserido, avaliar se algum deve ser removido e por que? e com o grupo definir onde o novo texto encontra-se em grau de dificuldade atribuindo ao mesmo a sua cor de gradação; se o novo texto encontra –se em que posição na caixa do texto em que subgrupo, em tema, subtema ou temas para aprofundamento.
• Criar a Identificação Básica de Orientação Textual [IBOT]- um tipo listagem com os “10 mais”, com comentários para a próxima turma que acessar a textoteca.
• Apreciação individualizada para a fase de socialização dos portifólios.
• Nesta etapa a textoteca poderá ser um elemento complementar, sem que haja a intervenção do educador para a pesquisa de temas pelo grupo, mais a busca pelo prazer de ler.
• Dependendo das condições dos envolvidos, pode-se criar um BLOG na internet e até mesmo uma página [há vários hospedeiros gratuitos] e ampliando a experiência do grupo sobre outras mídias.

O mais importante é estarmos aberto a novas experiências educativas, vendo uma função sócio-política em nossas ações, não permitindo abater o animo ao depararmos com obstáculos que com certeza surgirão, e sim utilizar os obstáculos como fonte propulsora motivando-nos a frente pois o progresso pode também ser “ dois passos a frente e um a trás”Lênin, mais mesmo assim estaremos um pouco mais além do ponto inicial.

“Não endureçais os vossos corações, como na provocação, no dia da tentação no deserto.” Hebreus : capítulo 3 versículo 8 [2]

Rodapé
1. Resultados do pisa,Resultados gerais da aprendizagem, 2000.op.cit.,p.112.
2. Resultados do pisa,Resultados gerais da aprendizagem, 2000.op.cit.,p.36
3. CHAUÍ,Marilena. Filosofia-série novo ensino médio. Ed.ática
4. Idem.
1.CHAUÍ,Marilena. Filosofia-série novo ensino médio. Ed.ática
2. Novo testamento


BIBLIOGRAFIA
Conhecimentos e atitudes para a vida: resultados do PISA 2000-Programa Internacional de Avaliação de Estudantes/OCDE- Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico;[tradução B & c Revisão de Textos S.C.Ltda.].-I ed.-Moderna.
Construindo o saber: técnica de metodologia científica / org. Maria Cecília M. de Carvalho.-2.ed.-Campinas,SP: Papirus,1989.
CHAUÍ, Marilena. Filosofia-série novo ensino médio. Ed.Ática
Novo testamento, Hebreus: capítulo 3 versículo 8Lenine, biografia, ed.Progresso.




Gleise Costa - Profª Gleise Costa – Especialista em Educação, Professora em escola Pública de Pe.Publicado em 05/01/2005 15:43:00

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